Juliano Farias
Executivo de growth
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Gestão de crise: o caso CBF

O país do futebol já não é o mesmo. Único pentacampeão mundial de futebol, o Brasil chegará à Copa do Mundo de 2026 acumulando um jejum de 24 anos sem levantar a taça. A Seleção brilhantemente comandada por craques como Pelé e Garrincha agora coleciona fracassos dentro e fora de campo: o 7 a 1 contra a Alemanha e as eliminações precoces nas últimas Copas não são, nem de longe, o maior dos problemas.

Desde a renúncia de Ricardo Teixeira à presidência em 2012 e o afastamento de seus sucessores, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero – todos envolvidos em casos de corrupção e banidos do futebol pela Fifa –, passando pelo afastamento de Rogério Caboclo por denúncias de assédio sexual e as irregularidades nas eleições internas que levaram ao afastamento (e recondução) do presidente Ednaldo Rodrigues, a entidade ainda assiste à prisão de ídolos da Seleção por estupro.

Para muitos, o que era "apenas" uma fase ruim, se consolida ano após ano como uma crise sem precedentes que, inevitavelmente, maculam a história da seleção canarinho. Mas o que isso tem a ver com Relações Públicas? Tudo e mais um pouco!

Quem trabalha com Relações Públicas sabe a importância da gestão de crise. Em se tratando de uma das entidades de futebol mais poderosas do mundo, é inacreditável como a CBF nunca tenha tido um plano de contingência para apagar os incêndios ao seu redor.

Arrogância ou certeza da impunidade?

O poder do futebol mundo afora é evidente, seja criando moda, amparando movimentos políticos ou parando guerras, o esporte criado pelo britânico Charles Miller tem um papel essencial na sociedade. 

Quando uma entidade como a CBF ignora suas crises e deixa o barco navegar em águas turbulentas sem ninguém ao leme, nos deixa duas opções: a certeza da impunidade que vem na esteira do poder ou a total inaptidão para domar tantos problemas somados.

Neste caso, me parece que temos a soma de ambas as coisas acrescidas à mentalidade de uma instituição que está perdendo o bonde da história pela arrogância de não querer ver que o mundo mudou bastante na última década.

Se antes os cinco títulos mundiais garantiam à CBF e à Seleção Brasileira uma espécie de salvo-conduto, hoje as taças são apenas meras lembranças de um passado glorioso. Não encarar as denúncias de corrupção, assédio sexual e as condenações por estupro, na atual conjuntura pode ser meio caminho para o fim.

Especialistas em comunicação sabem que gerenciar crises é um trabalho em conjunto e começa pela prevenção, ou seja, identificando sinais internos ou externos que anunciam a sua chegada.

O segundo passo consequentemente passa pela preparação da estrutura adequada para enfrentá-la, o que faz da gestão da crise a porta de entrada para a terceira fase: a reconquista da confiança na instituição, garantindo que suas atividades possam ser mantidas no presente e, quiçá, no futuro.

No caso da CBF, a única forma de gerir a crise – que agora também se reflete em campo – passa por uma grande reestruturação para profissionalizar a atuação da entidade em todas as suas esferas, evitando que as más práticas enraizadas desde sua criação sejam extirpadas.

Isso passa também por um processo de reeducação de comissões técnicas, atletas e, claro, do torcedor. No mundo do pós-covid e das redes sociais a todo o vapor, a sociedade não tolera mais que jogadores ou dirigentes, por mais famosos e importantes que tenham sido para seus times, fiquem impunes diante dos seus crimes. 

O combate à corrupção, violência de gênero, raça ou sexo deve começar dentro de casa, no interior da CBF, com o auxílio de uma equipe profissional de comunicação. Com o diagnóstico e soluções adequadas, a crise pode começar a ser solucionada.

Sabemos que as crises podem ser inevitáveis, mas não podem ser menosprezadas. É preciso encará-las e gerenciá-las de forma transparente, segura e ética, especialmente com a mídia.  Fato é que uma crise mal gerida pode até provocar o fim da instituição.

No caso da CBF, nunca houve prevenção e a crise está instaurada. Resta à entidade gestora do futebol que encantou o mundo se antecipar às próximas – mas não sem antes aprender com os erros do passado.

AUTOR DO TEXTO:
Vanessa Gonçalves
Coordenadora de assessoria de imprensa | Jornalista
Vanessa Gonçalves é jornalista formada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e pós-graduada em Jornalismo Esportivo pela FMU. Em 22 anos de carreira, atuou em diferentes áreas: publicidade, hard news, assessoria de imprensa, TV e comunicação interna.

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